segunda-feira, 16 de abril de 2012


Medo e Coragem em Tempo de Violência


Infelizmente, esta é uma história real, cruel e revoltante. Dona R, 83 anos, viúva, mora num antigo casarão, zona rural de Janduis.  Veio ao meu consultório, no Hospital da cidade, trazendo sua filha de criação, uma portadora de retardo mental moderado. A jovem mulher chorava e mostrava-se apavorada. As queixas: não dorme bem, vive praticamente fechada, não pode ouvir barulho de carro ou moto, que vai logo gritando: “São eles, que estão voltando!”, chora e não quer comer...
Sua história: Há um ano, dois homens, encapuzados e armados de revólveres, invadiram a casa de dona R, exigindo dinheiro e armas... A viúva, foi imobilizada numa cadeira e contida com um travesseiro por um dos bandidos que quase a sufocava.  A jovem com retardo foi submetida a sessão de torturas cruéis , a fim de que dona R, dissesse onde estava o dinheiro e as armas. Como não havia nem uma coisa nem outra, os tormentos duraram horas sem fim... A deficiente se contorcia e gritava com a crueldade dos frios criminosos. Um outro  agregado da família foi também agarrado, torturado, amarrado e chutado...
Ao sentirem que não havia dinheiro, os bandidos levaram tudo que tinha algum valor. Até uma pistola de vacinar gado, já velha. Antes de partirem, uma advertência: se procurarem a polícia, a gente volta e não fica vivo nenhum de vocês...
Um ano depois, ninguém foi preso, nem denunciado. O medo “da volta” silencia as pessoas. E de nada adianta. Há uma polícia que nada investiga e que ninguém prende. E se prende, quando prende, há uma Justiça que manda soltar numa conivência revoltante com aqueles que transgridem, assaltam, torturam, matam e riem das pessoas de bem, que se veem confinadas no medo e no tormento da insegurança!
Dona R e sua filha, que além da deficiência mental, é uma arrasada emocionalmente, traumatizada, são o que resta da ação do crime que impera no nosso sertão e zomba da inoperância de um Governo que não se encontra consigo mesmo e que a melhor obra que poderia fazer para o povo do Rio Grande do Norte seria pedir perdão e  se retirar, porque uma governante que, perplexa, insegura e confusa, não pode nem anunciar qualquer perspectiva de segurança ao povo do RN, melhor seria que renunciasse!  

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