Loucura no Poder X Razão do Poder
Como psiquiatra, defendo o direito (mesmo com restrições!) do portador de transtorno mental à cidadania. Esse individuo, ao longo dos séculos, foi vítima das piores crueldades: considerado “possuído por demônios”, foi queimado em fogueiras; escandalosos, ímpios ou impuros, foi isolado, fechado em masmorras pelo resto da vida; jogado ao mundo, era espedrejado, açoitado e cuspido...
Com o progresso da Ciência, da Medicina e, particularmente, a consolidação da Psiquiatria (com alavancas cientificas e revolucionárias de tratamento das perturbações mentais), o “louco” passou a ser considerado um ser humano, cuja mente adoeceu.... A doença do “alienado” passou a ser tratada como qualquer outra enfermidade do ser humano. A possibilidade de cura de alguns transtornos mentais, a melhora expressiva dos pacientes tratados, a ressocialização do sujeito antes rejeitado e a sua participação ativa em todo o processo social, cultural, econômico , familiar e criativo do desenvolvimento humano passaram a ser condições extraordinárias para o equilíbrio da família e da sociedade!
Agora, sabemos nós que a loucura é uma condição extremamente cruel para qualquer pessoa e sua família. Não é fácil reaprender a viver depois de um diagnóstico de “esquizofrenia”, “transtorno bipolar de humor”, etc! Tudo muda nas vidas do portador e dos familiares. É preciso muita resignação e paciência !
Uma outra questão é a do Poder! Saber se um portador de transtorno mental grave ou perturbador pode ocupar as funções de comando no Estado. Poder, pode! Mas deve? Pagamos nós, a sociedade, um preço alto! Às vezes, aniquilante... Ivan, o Terrível, louco, matou o próprio filho... Júlio Cesar, Roma, mesmo considerado grande conquistador, sofria das implicações do seu caráter epiléptico; Nero, louco “varrido”, tocou fogo em Roma; Napoleão Bonaparte, um neurótico frustrado e complexado, queria superar-se a si próprio, conquistando e destruindo o mundo; Hitler, a expressão maior de psicopatia e do mal que um doente mental pode causar à Humanidade; Stalin, um esquizofrênico frio e calculista, que via em cada camarada uma ameaça a sua vida; sem falar em personalidades patológicas de menor importância como Idi Amin, o Papa Doc hatiano, entre muitas outras...
Não podemos nunca, quando se trata do Poder, admitir que ninguém, que não possa ter o perfeito senso crítico, exercer o Governo sobre pessoas livres e conscientes, pois o gerenciamento das questões do Estado Democrático de Direito exige a plena lucidez e a estabilidade psicoemocional do Governante!
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